A beleza de acolher o refugiado reside mais no que recebo do que naquilo que dou.


Às vezes é essa sensação que tenho. Mais recebo que dou quando acolho uma pessoa de outra nação. Essa experiência estou vivendo de maneira intensa com os afegãos e afegãs, meus amigos e meus vizinhos de casa. É muito verdadeira aquela teoria de que o refugiado nos salva. É comprovação empírica. Os afegãos e afegãs me ensinam a alegria, a força, a resistência, a paciência, a coragem, a garra, o entusiasmo de viver, a esperança. Eles me ensinam a ser melhor, a valorizar a vida, a viver intensamente cada momento com gratidão. Eles me ensinam tanto!

Todas as vezes que chego em sua casa entre uma conversa e outra, um deles sobe e traz um chá afegão, ou um herati Sher brenj (delicioso, uma espécie de arroz doce, mais chique que o nosso, pois é enfeitado com uvas e morangos inteiros, fica lindo e delicioso). Essa acolhida me chama tanta a atenção! Um gesto simples de oferecer o que se tem e é uma oferta intensa, porque cheia de verdade, de gratidão, de sinceridade ( me recorda o óbulo da viúva). Tudo que tem para oferecer, oferece com tanto amor! Daí quando chego em casa, vêm as lágrimas e a gratidão por Deus me dar, nos dar de presente os afegãos e as afegãs. São uma benção na minha vida.

Fico com essa sensação de que eles mais me enriquecem do que eu a eles. Uma sensação de que são mais ricos em humanidade que eu. Eles me escreveram em mensagem de whatsapp hoje: " Irmã Rosa nós te amamos!" Ai! haja coração! Não tem preço! O que mais preciso pedir a Deus? Ele me deu por um tempo os afegãos e as afegãs (lágrimas). Daqui a pouco eles se vão para longe nós, correndo atrás de seus sonhos e é assim que tem que ser. Mas ficará a sensação do dever cumprido e a memória afetiva que nos manterá juntos, unidos, sempre!

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