Por Ricardo Kotscho
Uma criança, um negro, um
indígena, uma cozinheira, um operário, uma catadora, um professor, uma pessoa
com deficiência: pela primeira vez na história das posses, esse grupo
representativo da diversidade do povo brasileiro subiu a rampa do Palácio do
Planalto neste domingo para passar a faixa ao seu novo presidente da República.
Todo mundo que viu se
emocionou e muita gente chorou ao ver a cena mais simbólica da grande festa da
democracia. Se algo tivesse dado errado, hoje estaria todo mundo falando da
mulher que organizou tudo, a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja do
Lula.
Mas, como deu tudo certo,
ouviu-se apenas o silêncio sobre a principal responsável pela organização
impecável do reencontro do Brasil consigo mesmo e seu presidente, pela terceira
vez, que começou na manhã do dia 1º e varou a madrugada de hoje
Foi um dia cheio de
simbolismos e ineditismos, de uma beleza rara, do começo ao fim, com o povo
ocupando desde cedo a Esplanada dos Ministérios, sem nenhum incidente, nenhuma
briga, nenhuma gafe, nenhum sinal de golpe ou terrorismo, como tanto se ameaçou
antes da fuga do ex-presidente para os Estados Unidos. Recusar-se a passar a
faixa para Lula foi a melhor coisa que o dito cujo fez na vida, porque abriu
caminho para o ritual popular bolado por Janja, que levou para a rampa até a
cachorra Resistência, adotada pelo casal durante a vigília "Lula
Livre", em Curitiba.
Em trajes elegantes, mas
discretos, com os cabelos presos na nuca, Janja só não correu mais do que o
fotógrafo oficial Ricardo Stuckert para que tudo desse certo neste grande dia
esperado por pelo menos metade do Brasil.
Por mais que Lula em seus
discursos tenha pregado a união nacional e o fim da polarização política,
depois que a eleição acabou, o ódio sobreviveu nos comentários dos internautas
da outra metade do Brasil, que mantiveram os ataques em suas milícias digitais,
inconformados com o resultado da eleição e o sucesso da festança organizada por
essa socióloga paranaense, de 56 anos, que cometeu o pecado de ter casado com
Lula e ser ouvida por ele.
Valeu, Janja. Só no regime
democrático é possível sair do melancólico funeral de um governo nefasto para a
festa do novo que começa com muita esperança, após a simples troca de um
presidente pelo outro, por meio do voto.
Democracia sempre!
Vida que segue.
Comentários
Postar um comentário