"Eu também fui apresentada ao templo. Que orgulho de meus pais!

 


Por Rosinha Martins

Hoje, Festa da apresentação do Senhor, meu coração se enche de gratidão aos meus queridos mamãe e papai, os quais trago na memória, saudosamente.

Logo que nasci, não demorei a ser batizada. Naquela época junto ao batismo, celebrávamos, também a apresentação ao Senhor e a consagração à Nossa Senhora. Lindo! Quando íamos nos entendendo por gente, mamãe nos apresentava aqueles que eram os nossos padrinhos e madrinhas e tínhamos muito respeito por eles e sempre tínhamos que lhes pedir a bênção. “Esta é sua madrinha de batismo, seu padrinho de batismo, sua madrinha de apresentação, sua madrinha de consagração”. Geralmente as madrinhas de consagração e apresentação eram as irmãs, mais velhas (para as meninas) e para os meninos (os irmãos). Neste caso minha irmã mais velha, Aruana Zambi, hoje atriz de teatro, cinema e TV, é aquela que me apresentou ao Templo para ser batizada, consagrada, iluminada, imbuída do Espírito do Senhor.

A madrinha de apresentação é quem levava ao colo o bebê até à Igreja juntamente com a família para entregá-lo à madrinha de batismo. Ou seja, ela é a portadora da criança até o templo. Ela é quem segurava a criança até a hora da Pia Batismal, quando esta passava o bebê para os padrinhos. Que ritual pleno de significados!

É interessante pensar que, à época, não se chamava qualquer pessoa para ser padrinho de batismo, apresentação, consagração. As pessoas eram escolhidas a dedo, deveriam ser pessoas de fé, cristãos católicos, de fato, exemplares enquanto família, “gente de bem’, de caráter, bons exemplos na sociedade. Por isso, os escolhidos eram irmãos, parentes e amigos muito próximos dos quais se conhecia a índole. “Fiquei muito feliz quando mamãe me deixou ser sua madrinha de apresentação, mas ela me deu uma chuva de orientações: ‘você pode ser madrinha dela, mas tem que cuidar dela, lembre-se que é um sacramento, tem que ter responsabilidade, não pode machucá-la, não pode deixar cair, tem que cuidar dela´”, me relatou  minha irmã, minha madrinha querida, Aruana Zambi.

É... há valores que são duradouros e nunca deveriam ser perdidos. Os padrinhos levavam muito a sério este compromisso e ajudavam os pais na boa educação dos filhos. Era uma rede social de educação na fé. Fantástico!

Me ponho a pensar em Maria de Nazaré, me ponho a pensar em mamãe, nessas famílias. Quanta alegria! O que acontecia na mente, no coração de todos durante o caminho até chegar ao templo para a apresentação?! Afinal, o filho estava sendo levado para ser entregue ao Senhor. Ali, naquele batismo, naquela apresentação e consagração, toda a vida, toda a história daquele que iniciava o curso da existência era colocado nas mãos do Senhor, oferecido ao Senhor, o que significa que aquela apresentação e entrega a Deus, o faria e o ajudaria a crescer em sabedoria, idade e graça, ou seja, uma pessoa que teria vida longa, saudável, viveria sabiamente e pleno das bênçãos de Deus, longe do poder do maligno. Uma pessoa íntegra, de caráter, do bem.

Quanta bênção e quanto simbolismo neste gesto magnífico de apresentação ao Senhor do fruto de um ventre.

Só gratidão ao papai e mamãe por tamanha sensibilidade e cuidado para com as coisas de Deus  e pelo tamanho amor e cuidado para com os seus filhos. Todos, 10, muito bem encaminhados na vida. Nenhum se perdeu. Graças a Deus. Somos felizes, onde chegamos somos aceitos e amados. Mas, também....fomos apresentados e consagrados ao Senhor. Meus pais só poderiam esperar bênçãos e mais bênçãos para esta família maravilhosa que deixaram para a prosperidade. Obrigada, mamãe! Obrigada, Papai! Saudades eternas!

 

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